A intenção do projeto é capacitar, até 2012, mil algicultores em polos de produção instalados em nove municípios do litoral, que ficariam responsáveis pelo cultivo
O estado do Ceará poderá ser em breve o maior produtor de algas do país, respondendo nos próximos dois anos por cerca de 36% da produção nacional. Por suas propriedades funcionais, as algas são amplamente utilizadas em diversas aplicações nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. A ideia do projeto Algas, desenvolvida desde outubro de 2009 por um comitê gestor formado pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Banco do Brasil, chegou ao Ceará por meio da Sete Ondas Biomar, empreendimento do Rio de Janeiro que montou uma unidade aqui. A empresa é a única no Brasil a trabalhar com o produto carragenana, extraído da macroalga marinha para fins comerciais.
O Brasil tem hoje, segundo o coordenador de Aquicultura e Pesca da Adece, Pedro Henrique Martins Lopes, demanda estimada de 1,2 milhão de toneladas do produto/ano, mas cerca de 98% são importados, já que a única produtora do país só tem capacidade hoje para produzir 2% da demanda. Com sua planta de produção e processamento instalada numa área do litoral entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a Sete Ondas Biomar procurou o governo do Ceará após pesquisas realizadas pela empresa que indicaram os estados da região Nordeste como propícios para o cultivo da espécie Hypnea musciformis.
A intenção do projeto Algas é capacitar, até 2012, mil algicultores em polos de produção instalados em nove municípios do litoral, que ficariam responsáveis pelo cultivo. O treinamento incluiria desde o manejo relativo ao cultivo, passando pela organização associativa e a gestão empresarial. Inicialmente, destaca Pedro Lopes, a estimativa é que o Ceará produza anualmente cerca de 548 000 toneladas já em 2011, com a possibilidade de a produção crescer nos próximos anos. Mais do que os mil algicultores diretamente envolvidos no cultivo, o projeto prevê a inclusão de outras 5 000 pessoas indiretamente beneficiadas e a instalação de 3 000 balsas produtivas. Como única produtora da carragenana no Brasil, a Biomar, além de vender para o mercado interno, exporta parte da produção para Argentina, Panamá e Venezuela, onde é aproveitada como espessante, estabilizante e aglutinante, principalmente em produtos lácteos e embutidos diversos, e nas indústrias de cosméticos, fármacos e têxtil. No caso do Ceará, a empresa assinou memorando de intenções com a Adece para ficar responsável por toda a logística de processamento da extração dos algicultores locais, já tendo, inclusive, instalado uma unidade no município de Chorozinho, na região metropolitana de Fortaleza.
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